terça-feira, 2 de dezembro de 2008

EcoSport 2.0 flex agrada o pé e salva o bolso


Utilitário estréia versão bicombustível no bloco de 2 litros e fica mais barato.

Ford EcoSport 2.0 Flex

Tudo é festa para a Ford quando o assunto é EcoSport. Carro-símbolo da recuperação da montadora no Brasil, o utilitário é a menina dos olhos dos executivos, que não poupam elogios ao modelo. “O EcoSport foi o veículo que fortaleceu a Ford em seu período de recuperação. Quando falamos de Ford, qual é o primeiro produto que vem à cabeça do consumidor? EcoSport”, disse Marcos Oliveira, presidente da marca, durante o lançamento da versão 2.0 Flex do carro em Salvador, na Bahia. Muita pompa apenas para um flex? Talvez, mas não para a fabricante norte-americana, grata até hoje ao carro fabricado sobre a base do Fiesta em Camaçari, também na Bahia, pelas boas margens de lucro que ele traz.
Mais barato R$ 2 000 e mais potente 2 cv em relação ao 2.0 movido apenas a gasolina, o EcoSport estréia o flex no motor Duratec de 16 válvulas com o objetivo de ampliar a participação do propulsor no mix de vendas do carro. Atualmente responsável por 18% dos EcoSport vendidos, o 2 litros deverá passar a equipar 30% dos veículos, estima a Ford.
E argumentos para isso ele traz. O preço, a partir de R$ 58 900, é o principal deles. Por esse valor, é possível levar a versão FreeStyle, que já traz de série ar-condicionado, direção hidráulica, vidros, travas e retrovisores elétricos, rodas de 15” com pneus ATR (All Terrain, ou todo-terreno) e CD player com Blueetooth e MP3, entre outros. Com R$ 60 900, você leva a versão automática, mas deixa de ter os diferenciais no visual da Freestyle. O 4x4 também teve redução e pode ser encontrado a R$ 61 900 já a partir desta semana.
Anda bem, bebe bem
A indústria automobilística ainda não inventou o milagre do motor que ande muito bem e gaste muito pouco. E essa bênção fica ainda mais longe quando se tratam de propulsores bicombustíveis. Projetados para rodar com álcool e/ou gasolina em qualquer proporção, eles acabam adotando taxas de compressão intermediárias (10,0:1 no EcoSport) para o uso dos dois combustíveis, ou seja, não queimam de forma 100% eficiente nem um nem outro. Mas essa é uma característica de todo e qualquer bicombustível e não “privilégio” do EcoSport Flex, que recebeu sedes de válvulas reforçadas, novos injetores de combustíveis, cabeçote com fluxo otimizado e mudanças no sistema de admissão para queimar álcool. Bloco, mancais e cabeçote são de alumínio.
Resumindo: o EcoSport 2.0 gasta bem mais que o 1.6. Aí fica a seu critério decidir: pagar apenas R$ 1 000 a mais (diferença entre os dois) para ter o carro mais potente e desembolsar um pouco mais na hora de encostar na bomba ou ficar tranqüilo com o bolso andando num carro (bem) mais fraco.
Os números de consumo do 2.0 não são lá muito animadores: com álcool, o Eco roda 7 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada. Usando gasolina, os valores melhoram para 10,7 km/l e 14 km/l, respectivamente. No teste realizado pela revista CARRO com combustível vegetal, porém, o resultado foi pior na cidade (5,5 km/l) e melhor na estrada (9,7 km/l).
Mas vale uma dica tentadora: quem optar pelo 2 litros não se arrependerá. Muito mais disposto que o 1.6, ele traz desempenho próximo ao de um esportivo: de acordo com a Ford, a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 10s1 com gasolina e 9s9 com álcool. Nas medições em pista, ele registrou bons 10s4, diferença dentro do normal em função de variações de temperatura, combustível etc.
Mas o EcoSport lembra que ainda é um utilitário quando você pensa em passar dos 120 km/h ou entrar mais forte em algumas curvas: sofre com a ação dos ventos laterais por causa da altura (223 mm livres em relação ao solo) e inclina a carroceria o suficiente para tirar a coragem dos mais ousados em certas situações. Limitações normais da natureza de seu projeto que não tiram a boa dose de prazer ao dirigir o modelo equipado com motor 2.0.
Concorrência nada acirrada
A Ford se orgulha em dizer que tem o utilitário esportivo mais barato do mercado, que “oferece mais por menos”. Se a segunda afirmação ainda passa por análises subjetivas, a primeira é bem objetiva: seus concorrentes diretos são mais caros. Enquanto o Mitsubishi Pajero TR4 sai por R$ 65 490, o Chevrolet Tracker custa R$ 62 506 e o Hyundai Tucson exige um cheque de R$ 79 900.
E olhando a tabela de preços, vemos como a redução do preço em R$ 2 000 e a chegada do flex ao EcoSport 2.0 viraram o jogo a favor da versão – apesar de alguns defeitos ainda crônicos do modelo, como o acabamento pobre. Se antes a opção com motor mais potente poderia ser quase descartada pelos apreciadores do custo/benefício, agora entra na rota de quem valoriza cada centavo do “rico dinheirinho”.