terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Voyage vs. Fiesta: duelo de dirigibilidade

Confira uma disputa interessante entre dois “sedãzinhos” gostosos de guiar

Ford Fiesta Sedan 1.6 x Volkswagen Voyage 1.6 Trend

Diariamente, você acompanha aqui no automovel Online o relato sobre a vida do nosso Volkswagen Voyage 1.6 Trend escolhido para a 5ª edição do Teste dos 100 Dias. Sempre de olho nos pedidos de nossos leitores, resolvemos chamar para um comparativo o Ford Fiesta Sedan 1.6, que nos ajudará a descobrir os pontos fortes e fracos do Voyage.
E não paramos por aí: caso você queria saber ainda mais sobre o lançamento da VW, a revista CARRO de dezembro, já nas bancas, relata como ele se saiu no confronto direto com o Peugeot 207 Passion, novidade da marca francesa, e o Fiat Siena, líder do segmento.
Confira abaixo o resultado do duelo entre Voyage e Fiesta, dois carros muito bons de dirigir, e participe com seus comentários. Boa leitura!
Mecânica/desempenho
Em comparação com os veículos à venda no país, principalmente nas categorias de entrada, tanto o Fiesta Sedan como o Voyage possuem conjuntos modernos de transmissão e câmbio. No caso do sedã da Volkswagen, o bloco 1.6 da família EA 111 recebeu melhorias nas bielas, coletor de escapamento e na taxa de compressão (12,1:1), entre outras evoluções, que o fizeram receber uma nova designação, agora sendo chamado de 1.6 VHT, sigla para Volkswagen High Torque.
A transmissão escolhida é o câmbio MQ200, mesmo do Fox, com acionamento feito por cabos e sem a necessidade de troca do óleo de câmbio-diferencial. Com isso, o Voyage 1.6 Trend acelera de 0 a 100 km/h em 11s1, de acordo com nossas medições, e pode atingir 193 km/h, segundo a VW.
Na outra ponta, o Fiesta Sedan é movido pelo propulsor 1.6 Zetec Rocam que, entre os principais atributos, possui uma válvula termostática eletrônica que mantém a temperatura ideal de trabalho de acordo com o combustível. Como ele pode trabalhar mais quente, se abastecido com álcool, por exemplo, o atrito do motor é reduzido, assim como o consumo de combustível. O câmbio IB5 proporciona trocas suaves de marcha, assim como no concorrente, mas tem um escalonamento mais longo.
Da imobilidade até os 100 km/h, o Fiesta Sedan 1.6 levará 11s9, como provou em nossa pista de testes, e chegará a até 180 km/h de velocidade máxima (dado de fábrica). Utilizando os números como critério, o Voyage leva esse item, até porque mostrou-se mais econômico que o Fiesta, com um consumo médio (sendo 50% na cidade e 50% em estradas) de 9,1 km/l ante 7,9 km/l utilizando álcool.
Dirigibilidade
Quem já dirigiu um Fiesta Sedan sabe que ele convida seu motorista a esticar um pouquinho mais o passeio. Um motor sempre pronto a responder e uma caixa de marchas bem casada sempre ajudaram o modelo a receber boas notas neste quesito. A sorte, para nós, e talvez nem tanto assim para o Fiesta, é que o Voyage também herdou os bons genes de sucesso presentes no novo Gol.
Também construído sobre a arquitetura PQ24 (com elementos como suspensão dianteira e coluna de direção da PQ25, a mais moderna da VW para compactos), o Voyage ganhou um reforço no eixo traseiro para carregar 440 kg de carga e transmite a mesma sensação de rigidez sentida no hatch. Sua embreagem possui acionamento hidráulico e cansa menos nos freqüentes congestionamentos das grandes cidades. Além disso, tende a não ficar “pesada” com o passar do tempo. Como nosso experiente fotógrafo Pedro Bicudo comentou, os dois carros dão a impressão de “andar sobre trilhos”, tamanha é a segurança com que fazem uma curva. Ao lado de um concorrente primoroso quando o assunto é dirigibilidade, nada mais justo que um empate.
Design
Se, quando foi lançado, em 2004, o Fiesta Sedan se destacava entre seus concorrentes pelo design, exatos quatro anos depois o modelo começa a parecer velho perto de rivais como o Fiat Siena atual e o próprio Voyage. A reestilização na dianteira ocorrida em 2007, já como linha 2008, foi mais um indício de que o modelo precisava mudar para enfrentar a nova leva de competidores.
O Voyage, por sua vez, não ostenta nenhum arroubo de criatividade estética, mas tem a proeza de contar com formas bem equilibradas. Na época de seu lançamento, a equipe de design da VW orgulhou-se em anunciar que a quinta geração do Gol foi pensada em conjunto com o Voyage, para resultar em uma harmonia nas formas. Basta olhar nas fotos e observar que o Voyage ficou um carro elegante, com formas limpas e sem cantos vivos, o que o leva a vencer o Fiesta neste quesito.
Acabamento/espaço/ergonomia
Em relação ao acabamento de Voyage e Fiesta, cada um se destaca de maneira diferente. Enquanto no VW as peças têm encaixes justos, o Ford contempla seu comprador com uma cabine mais acolhedora, por assim dizer, com a presença de mais tecido nas portas. A ergonomia de ambos é elogiável, porém, caso o Voyage esteja equipado com vidros elétricos traseiros, os acionadores localizados no painel exigem que o condutor se acostume com a disposição dos mesmos. Outro ponto que destoa no Voyage é o acabamento simples demais ao redor da alavanca do freio de mão, com apenas um pedaço de tecido envolvendo a peça.
Apesar disso, o Voyage é mais espaçoso para seus ocupantes. Passageiros com mais de 1,80 m não raspam a cabeça facilmente no teto e ele tem mais espaços para os ombros, caso três passageiros adultos ocupem o assento traseiro, fruto de um projeto mais novo. O porta-malas, item muito valorizado nesse tipo de carro, é maior no Fiesta, com capacidade para 491 litros, enquanto o Voyage tem espaço para 480 litros de carga, de acordo com informações das montadoras. Além de maior capacidade, o Ford tem a vantagem de possuir dobradiças pantográficas, como você pode conferir nas fotos, que não roubam espaço do compartimento. Logo, nada mais justo que um ponto para o Fiesta.
Manutenção/seguro/garantia
Como sempre realizamos aqui no Carro Online, cotamos para os dois sedãs um conjunto de peças composto por kit de embreagem (disco, platô e rolamento), par de amortecedores dianteiros, jogo de pastilhas, retrovisor direito e pára-lama esquerdo. Para o Voyage, o custo desses itens foi orçado em R$ 1077, enquanto para o Fiesta a mesma cesta sairá por R$ 1 109.
Com relação ao prazo de garantia, as duas fabricantes oferecem um ano de cobertura para o veículo todo, porém a Volkswagen estende esse período para três anos nos componentes de motor e transmissão e cinco anos para perfuração de chapa. Por fim, o Voyage se mostrou imbatível neste item ao contar, inclusive, com o seguro mais barato. Cotado com o mesmo perfil (homem, 40 anos, casado, sem filhos e com garagem na residência e no trabalho), a apólice pedida para o VW ficou em R$ 1 419,24, enquanto para segurar o Ford é necessário desembolsar R$ 1 662,36.
Mercado/preço/equipamentos
O Fiesta Sedan 1.6 parte de R$ 37 700. Por esse valor, o modelo não traz sequer direção hidráulica de série. Para equipá-lo com ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos é necessário adquirir o pacote de opcionais SEG9, que agrega os acessórios mencionados e acabamento interno diferenciado, com maçanetas internas, saídas de ar e console com revestimento Titanium, painel com fundo branco e 4 alto-falantes. Com isso, o valor aumenta em R$ 5 500 e fica em R$ 43 200.
Na outra ponta, o Voyage 1.6 Trend básico é R$ 100 mais barato e começa em R$ 37 600. Além dessa vantagem, o sedã traz de série nessa versão a direção hidráulica, chave “canivete”, detalhes cromados no interior e faróis bi-parábola. Adicionando ar-condicionado, travas e vidros elétricos no Módulo Kit V, que custa R$ 4 055, o interessado em adquirir um Voyage com esses acessórios assinará um cheque de R$ 41 655. Logo, o Voyage é mais vantajoso no custo/benefício.
Como o VW foi lançado em setembro, ainda é cedo para medir sua receptividade no mercado, visto que ele ainda precisa estabilizar suas vendas. Apenas como comparação, o Fiesta Sedan registrou a comercialização de 3 613 unidades em outubro. Já na primeira quinzena deste mês, a Ford colocou 1 389 unidades do veículo nas ruas. A Volkswagen, que havia planejado comercializar em torno de 7 500 unidades em um cenário sem crise, fechou o primeiro mês de vendas do Voyage com 1 566 carros, enquanto na primeira quinzena de novembro contabilizou 1 165 veículos vendidos.
Conclusão
Após analisar os sedãs em seis itens, o Voyage 1.6 Trend mostrou ser uma opção melhor do que o Fiesta Sedan. Apesar do empate em dirigibilidade, o VW foi melhor em Mecânica/desempenho, Design, Manutenção/seguro/garantia e Mercado/preço/equipamentos enquanto o Ford faturou em Acabamento/espaço/ergonomia.
Em um segmento que representa 17% do mercado nacional, ao que tudo indica, a mo

justo para recolocá-la nessa faixa. Enquanto seus concorrentes não se renovarem, o Voyage tem grandes chances de tomar a frente na categoria.