sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Fit e SpaceFox: nem minivan, nem perua

Ágeis e versáteis, monovolume e "sportvan" são boas opções para a família

Volkswagen SpaceFox e Honda Fit: tudo menos perua ou minivan
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Fit e SpaceFox: nem minivan, nem perua
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Toda regra tem sua exceção, e com o mercado automobilístico não é diferente. É impossível definir certos modelos apenas pelas formas de suas carrocerias, ainda mais hoje, época em que a indústria mistura estilos, refaz fórmulas e inventa produtos inusitados. O Honda Fit e o Volkswagen SpaceFox fazem parte dessa revolução: o primeiro parece, mas não é uma minivan, e o segundo lembra, porém, não se encaixa na descrição de uma perua.
Por isso reunimos os dois neste comparativo (versão LXL 1.4 no Fit e 1.6 Sportline no SpaceFox), afinal, uma coisa neles é idêntica: a sua vocação de ser o modelo ideal para pequenas famílias, ávidas por veículos versáteis, econômicos e espaçosos.
Mecânica/Desempenho/consumo
Novidade, o Fit trouxe no pacote um motor 1.4 (1.3, na verdade) retrabalhado, com 16 válvulas e cabeçote com comando variável. Resultado: cerca de 20 cv a mais de potência e um torque superior. Raro nesse padrão de veículo, o Honda tem freios a disco na traseira com ABS e EBD (distribuidor da força de frenagem). O SpaceFox, por outro lado, ainda não recebeu o motor VHT, que foi lançado este ano. Isso deve ocorrer em janeiro, mas o exemplar avaliado continuava usando o EA-111. Ele obtém quase a mesma potência que o 1.4 do Fit, mas com 8 válvulas e cabeçote convencional.
Na prática, o conjunto da Honda foi mais veloz na hora de acelerar de 0 a 100 km/h – 12s2 contra 13s do Volkswagen –, mas perdeu em todas as situações de retomadas. Nos testes de frenagem, o melhor equipamento do Fit só fez diferença em maior velocidade.
O consumo apontou um empate: o modelo japonês se deu melhor na cidade (8,3 km/l contra 7,5 km/l), e o alemão, na estrada (10,2 km/l contra 9 km/l).
Dirigibilidade/visibilidade
Não pense que por privilegiarem o espaço interno os dois não sejam prazerosos de dirigir. Ambos têm atributos positivos nesse sentido. O Honda, que já era um carro ágil mesmo com o motor anterior, ficou mais esperto e estável em curvas, graças ao novo acerto de suspensão. Sua direção elétrica é leve, porém, precisa. O câmbio manual tem bons encaixes, mas não chega aos pés da transmissão do SpaceFox, seu ponto forte.
Embora o motor 1.4 16V tenha respostas rápidas, o 1.6 8V do Volks agrada mais. Sua elasticidade, combinada ao já citado câmbio, são uma combinação quase perfeita. Pena que a direção hidráulica seja pesada. Para piorar, a posição de dirigir no SpaceFox é muito alta, incomodando pessoas com mais de 1,80 m, embora facilite a visão, já que seu pára-brisas é menos inclinado que o do Fit.
Design/atualidade
Apesar do desenho harmonioso, o SpaceFox tem linhas convencionais, que deverão ganhar alterações em 2009, juntamente com o Fox. Quanto ao Fit, não há o que reclamar. Um projeto novo e que corrigiu alguns pecados da geração anterior, o monovolume agrada até mesmo ao público masculino.
Acabamento/espaço/ergonomia
O acabamento é o grande ponto fraco dos dois. Há itens, como os bancos, que são exemplares, mas basta reparar nos painéis de plástico das portas para ver como Honda e Volkswagen economizaram em modelos que custam por volta de R$ 50 000. O painel de instrumentos é simplório, sobretudo no SpaceFox, e a ergonomia também passa longe do ideal. Basta ver onde as duas marcas esconderam os botões de ajuste dos retrovisores elétricos – a VW, embaixo da porta, e a Honda, na parte inferior do painel de instrumentos, escondido pelo volante.
Os dois se redimem quando o assunto é espaço interno. Com carrocerias volumosas, eles tratam bem tanto motorista quanto passageiros, mas o Fit tem um desenho que beneficia mais quem viaja na fileira traseira (repare como o Honda tem mais altura na foto comparativa). O SpaceFox responde com o porta-malas maior – 430 litros contra 380 do Fit. Mas o Honda vence pelo consagrado sistema ULT, que dispõe de diversas configurações de rebatimento dos assentos.
Mercado/preço/equipamentos/segurança
Em se tratando de familiares compactos, o Fit supera qualquer concorrente. Já são quase 40 mil unidades vendidas em 2008, volume que não se alterou mesmo com a expectativa em cima da nova geração. Já o modelo da VW oscilou demais este ano e acabou ultrapassado pela Palio Weekend.
Preço por preço, a versão LXL do Honda está um pouco mais cara: R$ 53 300 na região Sudeste, segundo tabela da marca. Nela, o cliente terá de série retrovisores elétricos, ar-condicionado, chave com acionamento remoto, direção, vidros e travas elétricas, computador de bordo, airbags frontais, os já citados freios a disco no eixo traseiro e rádio com CD Player, MP3 e conexão P2.
A Volkswagen sugere o preço de R$ 49 880 para o SpaceFox Sportline, que vem equipado com ar-condicionado, ARS (o banco traseiro corrediço), direção hidráulica, faróis de neblina, mesas "de avião" nos bancos dianteiros, sensor de estacionamento e trio elétrico. O SpaceFox leva vantagem em relação aos pneus (195/55) e rodas (aro 15). O Honda também usa rodas aro 15, porém, com pneus mais estreitos e altos (175/65).
Manutenção/seguro/garantia
Na ponta do lápis, os dois voltaram a ficar parelhos, mas o Volks só foi superior na rede de concessionárias. O Fit tem seguro mais barato (equivalente a 4,4% do preço ante 6% do SpaceFox), desvaloriza menos (10% vs. 13%) e tem prazo de garantia maior, de três anos contra um do VW. Nos custos do pacote de peças, empate técnico.
O melhor e o pior do Honda Fit
O monovolume revela uma preocupação maior com a segurança, oferecendo airbags e freios ABS de série. Sua tocada é ideal para a cidade, mas ele não faz feio na estrada com o novo motor. A versatilidade é incomparável, mesmo com outros segmentos e, de quebra, ficou com um visual bem mais aceitável. Pesa também a imagem de confiabilidade da marca e a garantia de três anos. Mas o carro não é perfeito. Embora muita gente negue, a impressão de acabamento piorou, sobretudo porque é um modelo com preço quase tão alto quanto o do Civic, por exemplo. O consumo do motor 1.4 também decepcionou para uma cilindrada tão baixa.
O melhor e o pior do Volkswagen SpaceFox
O conjunto câmbio/motor é uma referência e ficará melhor ainda com a chegada do VHT na linha 2009. Se você não é daqueles que precisa levar objetos volumosos, o porta-malas dá conta do recado sem necessidade de rebater bancos. O SpaceFox também oferece comodidades que seu rival teima em recusar, como os botões “one touch” para todos as portas e o sensor de estacionamento. Para quem tem até 1,80 m, a posição de dirigir é muito boa – alta, mas sem parecer uma minivan. O SpaceFox peca pelo painel pobre, seja pelos instrumentos reduzidos ou pelos acionadores do ar-condicionado, confusos e mal acabados. Sua suspensão também não absorve tão bem as irregularidades do asfalto.
Conclusão
O SpaceFox até deu trabalho em alguns itens para o Fit, mas a vitória do Honda foi incontestável. Maior, com ótima dirigibilidade, mesmo na versão manual, visual moderno e bons equipamentos, sobretudo em segurança, o monovolume continua imbatível no segmento, ainda mais por oferecer garantia de três anos, benefício de modelos de categoria superior. Ele venceu nos quesitos Mecânica, Estilo, Segurança, Construção, Atualidade e Manutenção.
O Volkswagen compensou no Conforto e Consumo e houve empate técnico nos itens Prazer ao Dirigir, Equipamentos e Desempenho.
Ricardo Meier